Por Milene Costa

A vertigem desconfortável

 

A liberdade é o lugar da expressão do ser que precisa encontrar seu lugar de propósito na existência. Uma consciência que precisa ser despertada para construir seu caminho. Uma presença interior que sente e procura fazer algo com aquilo que percebeu. Um limite que considera o outro em seus aspectos diversos. A liberdade é o lugar da vida que cresce, amplia e se refaz para existir. Impedir a liberdade é eliminar a vida que nasce dentro de nós e matar por dentro a fonte vital do ser.

 

Entre os diversos conceitos que abrangem a liberdade, quero refletir sobre a ideia das possibilidades ou escolhas dentro de um universo onde ela é limitada ou condicionada pela finitude humana. Em que sentido existe o limite da liberdade entre todos nós? O livre de fato é aquele que possui, em determinado grau, possibilidades. É o movimento que estabelece a medida, a condição ou a modalidade da escolha que gera possibilidade.

 

Essa elaboração nos leva a refletir se, quando temos possibilidades, criamos espaços para os outros obterem a mesma liberdade ou limitamos, pelo poder das possibilidades, a liberdade do outro. Parece que, na prática da finitude humana, encontramos mais limites de possibilidades do que espaços para construção da liberdade por meio das possibilidades.

 

Quem é livre? Aquele cuja a medida de possibilidades é mais abrangente e tem as fronteiras mais amplas. Essa pessoa pode exercitar sua liberdade construindo possibilidades para outros, pois só é possível vivenciar a liberdade de ser quando ampliamos a possibilidade da vida. Na dica de livro e série desta semana, temos uma frase que encerra nossa reflexão: “Isso é liberdade?” Até isso é vertiginoso. Como um elevador com os lados abertos. No limite da atmosfera, você iria se despedaçar, vaporizar. Não haveria pressão para mantê-lo inteiro. Ficamos confortáveis com as paredes, porém presos. Você é livre? Quais são suas possibilidades?

 

 

Boa semana!