A coerência está na validação entre o que se fala e o que se faz

Por muitos anos na sociedade o valor de alguém estava documentado mediante sua palavra. Sim, a palavra cumprida era a marca do caráter validado. Por outro lado, o discurso não praticado invalidava o respeito ao outro. O tempo vai, passa, modifica, as gerações vêm e vão e vamos alterando a maneira de estar no mundo. Transformamos a palavra em papel e passamos então a também documentar o nosso caráter.

Dessa forma, chegamos a dias em que, para muitos, o que vale é o cumprimento daquilo que foi assinado em um papel, um contrato com a descrição do que se deve cumprir. Mas, o que fazer com aquelas situações que não temos documentos para assinar? Os acordos não verbais e, por assim dizer, não documentados, que fazem parte das relações cordiais e da consciência planetária? Para alguns, o que não foi documentado não tem valor. Para outros, o que realmente tem valor é justamente o que não foi documentado.

Chegamos então a coerência, que pode ser tratada como a harmonia entre o que se pensa, o que se sente e o que se faz. O consenso entre essas partes envolve o nosso ser, mas isso não quer dizer atingir a perfeição. Nosso amadurecimento transita na busca em ser coerente de forma natural, independente das possíveis punições, ameaças ou consequências geradas pelas atitudes tomadas. A concordância do ser para com as próprias decisões não precisa de outrem para se estabelecer.

É possível imaginar, então, que a coerência se estabelece quando não precisamos mais do olhar do outro para condicionar nossas ações e fundar o ser que acreditamos. Diante de uma sociedade, muitas vezes incoerente, ainda precisamos assinar documentos. Mas, quando há coerência para harmonizar os elementos que nos fazem ser, não carecemos de papel para justificar o que fazemos, pois assinamos na própria vida aquilo que somos.

Boa Semana!