Por Milene Costa

Admiramos muitas pessoas e objetos, mas será que amamos as duas faces do admirável?

 

A admiração é o lugar do encanto, do desejável, da atração e, ao mesmo tempo, do sentimento que transforma pessoas em mitos e objetos em valores imensuráveis. Admiramos o que ainda não temos, o que não conseguimos ser e o que almejamos de alguma forma nos tornar. Ser admirável é alcançar um patamar desejável dentro dos limites valorizados pelos grupos, pelo tempo e pela relatividade das ambições. A admiração é um tipo de meta que gostaríamos de alcançar.

Uma admiração pode não se tornar algo amável. O amor é composto das trevas e da luz que cada pessoa carrega dentro de si. Para que o amor seja real, é necessário sair do pedestal mitológico e chegar na convivência que envolve a força e a fragilidade ao mesmo tempo. Por isso que o amor é a realidade da imperfeição em comunhão com a raridade que cada um carrega. Podemos confundir admiração com amor.

Talvez a maioria de nós faz essa confusão. Não conseguimos distinguir com clareza o momento em que a admiração se tornou amor sem perder o brilho da sua luz, quando navegamos pelas sombras que cada um carrega dentro de si. A nossa vulnerabilidade é tida como fraqueza para a maioria das pessoas. Uma crença que carregamos é que o admirável não tem feiura. Que a força não tem fraqueza. Que a alegria não tem tristeza. Mas, o amor conhece os dois extremos que transitam no meio da convivência que deseja ir além do admirável.

Você admira ou ama? A resposta está nas sombras permitidas para estabelecer comunhão. Já nos conhecemos na luz e nas trevas? Ao mostrarmos apenas a luz para as pessoas, como imagens aceitáveis para agradar, desejamos a admiração. Mas, quando nos desnudamos entre vulnerabilidade e força, abrimos espaço para o amor acontecer. É tempo de viver na transição entre os extremos.

 

 

Boa semana!