Por Milene Costa

Como interpreto um vírus invisível aos meus olhos

 

As nossas reações são o que temos de mais alcançável sobre nossas crenças, conceitos, valores e virtudes. Nossa sensibilidade também se revela nas reações que temos sobre as situações que nos chegam sem aviso prévio. Cada reação, sem emitir juízo de valor, nos faz refletir sobre o que transita dentro de nós, sobre o que realmente se mostra como pilar sustentador e orientador da nossa vida. Uma ação pode até ser calculada, planejada e administrada por nós, mas a reação é o que temos de mais espontâneo, autêntico e verdadeiro.

 

Fomos surpreendidas e surpreendidos com aquilo que não era novidade para nós. Nossa vulnerabilidade e mortalidade retiraram o véu que nós colocamos sobre a vida. Algo incontrolável, imprevisível e desconhecido chegou sem pedir licença e, de alguma forma, devastou tudo que estava nas alturas da ilusória onipotência humana. As reações foram diversas. Muitos negaram, pois a forma mais superficial para fugir da realidade é a negação. Outros, anestesiaram ou turvaram sua visão para não acreditar no que estava por vir. Alguns fizeram um esforço sobre humano para ignorar e viver como se nada estivesse acontecendo, tentaram seguir a vida forçando as rotinas. Poucos, bem poucos, acreditaram no que estava acontecendo e o que havia de vir de forma letal, devastadora e, ao mesmo tempo, reveladora de nós. 

 

Nossas reações não são absolutas, somente nos ensinam sobre o que passa realmente dentro de nós. Podemos alterar reações e chegar ao que precisamos para manter a saúde mental. Um tempo como o nosso nos convida a uma reação conjunta: uma consciência coletiva de amor e solidariedade, independente das crenças que cada um carrega, uma vez que essa situação assustadora nos leva a um tipo de desegocentralização. É simples a resposta, é fácil a atitude e é amplo o alcance. Todos, todas e todes são cooperadores da vida. Esse movimento é valoral, pois nos faz participantes da vida em cada ação protetora uns com os outros. 

 

Não sei como você está reagindo, mas te convido a rever suas reações e permitir que a consciência seja despertada para a compaixão, para o amor e para a solidariedade. Não precisamos esperar que a dor chegue aos nossos lares, podemos estender a mão e ser consolo, auxílio, acolhimento, sensibilidade, solidariedade ativa e muito amor pelas pessoas. Estamos conectados direta ou indiretamente a tudo que nos cerca. Pense nas reações que envolvem palavras, pensamentos e sentimentos. Faça sua própria avaliação se sua reação é de empatia ou de apatia.