Vivemos em um tempo no qual a apatia se tornou o sentimento mais comum entre os seres humanos
Envolver-se, fazer algo, comprometer-se é o contrário da apatia. Entende-se, por esse sentimento, o congelamento do sentir diante dos absurdos da vida. Vemos diariamente um roubo na rua, uma violência doméstica no apartamento ao lado, uma agressão ao colega de trabalho, um abuso emocional de um pai para um filho. Enfim, são tantas afrontas à dignidade humana e um preço tão grande a pagar pelo envolvimento, que seguimos com a apatia.
Ninguém quer se envolver para não sofrer os danos ou os incômodos de “se meter na vida do outro”, pois acredita que “não é da nossa conta” ou que “a gente não tem nada a ver com isso”. Essas frases demonstram o nosso estado de apatia diante do sofrimento do outro. Sabemos de tantas injustiças, de tantas agressões, de tantos maus tratos, mas decidimos que a apatia nos protege ilusoriamente.
O envolvimento com as dificuldades do outro nos leva a sensação de que a nossa trajetória também é composta pela presença das vidas que estão ao nosso redor. Intervir na história de alguém é acreditar na esperança de que vamos conseguir fazer algo por nós mesmos e que é possível encontrar o caminho salvífico por meio do sentimento de se importar com as pessoas que cruzam a nossa jornada.
Porém, esses valores estão cada vez mais distantes dos seres humanos. A apatia está nos congelando por dentro. Ela está nos dilacerando visceralmente. Até quando esse estado interior de inércia diante do que está aos nossos olhos será o nosso caminho? É tempo de envolvimento, entrega, comprometimento, de se importar com as dores que podemos aliviar. A apatia é a desesperança do eu diante da mazela do outro.
Boa Semana!