A serenidade como abrigo da realidade
O tempo estava cinzento com nuvens densas, havia um vento que, de algum modo, cortava a pele de forma suave e fina. Armava uma tempestade daquelas que causam tanto receio que a vontade era de ficar em casa, onde a sensação de segurança era abrigada no recôndito da alma.
A natureza se preparava para dias assim. Os animais procuravam seus abrigos quentes e protetores, pois sabiam que não dava para lutar contra a força da natureza. O dia já mostrava sua manifestação que anunciava as rédeas soltas diante do que viria. Assim, cada um de um jeito foi se adequando para viver aquele dia em que o inesperado viria, desejando ou não.
Talvez a serenidade esteja presente em um dia como esse. Onde a visão, a sensação e a realidade nos avisam que não teremos controle sobre tal situação. Mas, ao invés de negar, fingir, fugir ou mesmo achar que teremos o controle, procuramos afirmativamente um lugar que nos abrigue, que nos acolha para assim serenar os ânimos do medo, do receio, do desconhecido e poder esperar o que precisa acontecer para voltar a ser.
Serenidade é todo lugar aconchegante que não assusta, mas que convoca aqueles que conseguiram ver, sentir e perceber que, diante da ameaça, é preciso recolhimento para proteger o que existe de mais sagrado em nós: a possibilidade de existir com sabedoria para saber como agir. Naquele dia, os ventos eram fortes, a tempestade veio com tanta força que, enquanto alguns corriam desesperados, outros esperavam serenamente abrigados na espera do tempo.
Boa semana!