Por Milene Costa

Os tempos revelam que o nosso coração está doente e a nossa mente está entorpecida

 

O que habita em nós está presente na maneira de pensar e na forma de sentir. Tanto os pensamentos como os sentimentos são construídos à medida da nossa realidade, da nossa interpretação e do nosso mundo. Tudo em nós é uma construção cultural, uma formação de como o desejo e o medo foram ensinados por aqueles e aquelas que nos mostraram o caminho. Por meio do que aprendemos com os desejos e os medos, presente em êxitos e fracassos, alegrias e dores, construímos nosso mundo de expectativas por meio das lembranças reforçadas e enraizadas em nós.

Uma vez determinado que tudo que foi formado e construído se transformou em verdades absolutas dentro da estrutura de pensar e sentir, reproduzimos e mantemos a mente limitada a um mundo edificado com os sentimentos adoecidos e marcados pelo campo estreito das referencias particularizadas. Quando se dá por real o que não é a vida em sua totalidade, encerramos o pensar e o sentir numa prisão que nos elimina aos poucos por meio do sofrimento, da confusão e da enfermidade mais grave de todas, a cegueira interior.

A mente – residência dos pensamentos – é campo aberto de aprendizado contínuo. A coragem para reformar, reconstruir, limpar, desconstruir e refazer os campos dos pensamentos, das ideias e dos conceitos consiste em alargar a mente, modificando a forma de enxergar situações e momentos. O pensar é campo aberto, pois o conhecer é um universo de possibilidades infinitas. O meu sentir é tão prisioneiro dos medos e desejos que necessita ser livre do meu mundo para conhecer outros caminhos. Quando o sentir se fecha na construção mental, cai enfermo e adoecido, consumindo toda a energia de viver.

É possível curar a mente e o coração! Que notícia sublime! Não estamos condenados ou condenadas a vivermos fechados em nosso mundo de acordo com as nossas próprias medidas. Podemos ampliar os nossos horizontes e desvincular os pensamentos e os sentimentos das nossas histórias para construir novos olhares, novas estruturas e novos sabores de sentido. Essa mudança não é mágica e nem fruto apenas do desejo, é importante cultivar diariamente esse exercício que nos arranca de nós mesmos/as. É tempo de curar a mente e o coração.