Por Milene Costa

Mudar a abordagem é uma possibilidade de alterar perspectivas

 

Somos tão adaptáveis que não percebemos a facilidade com a qual nos acomodamos na vida. As acomodações são formas de agir e hábitos que realizamos com tanta frequência que se tornam ações automáticas. Por isso, a adaptação é quase imperceptível, pois faz parte da própria forma como nos modelamos diante daquilo com o que convivemos. Por outro lado, quando as situações mudam, vamos nos adaptando aos poucos e nos remodelamos. Esse exercício é o que nos faz viver a cada dia.

Existe uma narrativa bíblica que nos convida a alterar a abordagem costumeira. O episódio da pesca maravilhosa é um movimento que Jesus faz com os discípulos depois de sua ressurreição. Nessa narrativa, os discípulos decidem voltar a pescar, pois era o que conheciam bem e sabiam fazer como hábito e costume antes da aventura de seguir Jesus, como mestre. Eles jogam as redes como sempre faziam, mas não conseguem pescar nada. Estão tristes, frustrados, desiludidos, indagando se tudo foi um devaneio ou viveram realmente algo novo. Não pescar nada só confirma o sentimento de impotência frente a vida. Então, eles escutam uma voz de orientação dizendo: joguem do outro lado. Eles não conseguem identificar quem conduz aquela abordagem. Sem ter nada mais a perder, jogam as redes do outro lado e pescam mais peixes do que poderiam imaginar.

Depois, descobrem que a voz que os orientava era de Jesus, o mestre querido que, mais uma vez, altera a perspectiva e nos conduz a expansão de movimentos e olhares. Ele mostra o outro lado, onde não desistimos, inconscientes, das possibilidades que encontramos. Precisamos aprender que na vida temos sempre o outro lado que enche as redes de tudo que precisamos para partilhar. Não encerre com o movimento vazio, use o outro lado para verificar o que pode existir além. É tempo de experimentar o outro lado de tudo que existe.

 

Boa semana!