Por Milene Costa
Engana-se quem pensa que saber é suficiente para evitar descuidos
Equivocar-se sobre algo, um saber, uma situação ou a respeito de alguém é cometer lapsos mediante a imprecisão da vida. Os nossos equívocos acompanham as nossas certezas. Por mais que saibamos de muitas coisas, quando aumentam as nossas convicções, aumentam também os escudos e as nossas defesas. Por isso nestes momentos identificamos a presença do que é duvidoso, ambíguo e confuso nas interpretações do viver. Ou seja, experimentar esse lapso é abrigar as distrações da existência.
Quando experimentamos o viver, é notório a bagagem do saber. Por mais que nossa inteligência possa aprender com a vivência, é comum nos depararmos com aquilo que nunca imaginávamos que aconteceria conosco, já que nos equivocamos acreditando que saber é suficiente para evitar descuidos. Contudo, o que apreendemos da vida é que o caos convive com a harmonia. Quanto mais certezas, mais equívocos uma pessoa experimenta na vida.
A sensação que temos é que, por mais que tenhamos o desejo de controlar algo, essa porção nos escapa diariamente. Por mais que desejamos compreender, mais extenso fica. Quanto mais abertos estamos, mais espaços fechados encontramos. Quanto mais amamos, menos recebemos. Quanto mais fé, mais dúvida. Quanto menos dúvida, mais ingenuidade. E poderíamos traçar uma quantidade de equívocos de saberes, vivências, experiências, conhecimentos que não podem ser definidos como universais, quando são apenas pontuais.
O maior equívoco é não desconfiar das nossas certezas. O máximo engano é produzir nossa própria percepção como uma única forma de verificação. A grande distância é não nos aproximarmos das nossas ambiguidades. Nos equívocos, somos salvos de nós mesmos, pois, sem nossos enganos, não encontramos caminhos de possibilidades. Que cada equívoco nos ajude a voltar para a centralidade de onde nos perdemos.
Boa semana!