Existem vários tipos de incredulidade, mas talvez a mais nociva seja aquela disfarçada em lugares inconcebíveis
É muito raro encontrar alguém que assuma sua incredulidade. Geralmente, as pessoas que são incrédulas não conseguem crer que algo seja possível fora do crivo humano. Porém, essa necessidade de acreditar na existência somente diante de sua aprovação racional e sensitiva é muito limitadora e um exemplo clássico de sua finitude. O filósofo René Descartes pode ser um dos alicerces para essa mentalidade ao afirmar que: “penso, logo existo”. Mas, será que existimos apenas por que pensamos?
A existência tem como característica básica a infinitude de ser, pois ela é uma potência de vida que vai além daquilo que é conhecido. Ao tentar identificar tudo que está ao nosso redor, as vias da razão e da sensação vão se tornando as únicas fontes de conhecimento e acredita-se que, se algo escapa ou ultrapassa essas vias, não pode existir.
Nesse contexto é estabelecida a falta de fé, em que a pessoa só consegue acreditar naquilo que é restrito ao humano. Não havendo abertura para ir além do que se pode conhecer, surge a incredulidade religiosa. Essa incredulidade está conectada ao fato da pessoa definir a ação divina apenas mediante sua concepção e determinação sobre o que o divino faz ou não. As pessoas podem até participar de ações que caracterizam alguém que seja religioso, mas só credita a Deus aquilo que está de acordo com a sua aprovação mental ou sensitiva. Isso é lamentável, pois acredita-se em algo que se limita a nossa finitude. Já é tempo de ampliar a vida para além de nós mesmos.
Boa Semana!