Por Milene Costa
Lamentar é uma forma de limpar a alma
Lamentar é uma permissão singular e pessoal de aceitar o que não aconteceu no tempo e na forma dos nossos desejos. É mostrar ao coração e a mente que o pranto é dizível e que é importante lastimar-se pelo não acontecimento dos sonhos e das vontades imaginadas. Existem algumas formas de lamento que nos ajudam a não racionalizar a dor.
Se o lamento é uma permissão, como podemos limpá-lo por dentro retirando-o para fora? Vamos citar algumas sugestões, mas você pode criar as suas próprias formas de sentir o pranto. A grande questão é como experimentar o sentimento de expressão da dor. Os exercícios são simples, mas necessários. Comece respirando profundamente e em silêncio. Junto a solitude, deixe vir à pele a sensação do lamento. Gosto de ter papel e caneta na mão para anotar, identificando o nome daquele lamento.
Pode ser: tristeza, frustração, angústia, mágoa, raiva, impotência, decepção, desconfiança, desafeto e etc. Permita que o sentimento venha a tona, tenha liberdade para sentir. O choro, o pranto, que estão dentro de nós, devem vir com a força. Logo depois desse revelar-se interior, é importante o autoperdão e o perdão para todos os envolvidos no processo de lamento.
No final do rito do lamento, substituir a identificação do que foi pranteado por algo real é fundamental para a cura. Substituir uma frustração por gratidão, por exemplo. Outro passo importante é reconhecer a limitação do outro, pois isso nos leva a enxergá-lo na realidade do seu ser e não no nosso imaginário. Cada lamento precisa ser substituído com uma realidade que acolhe o coração e não com uma ilusão que engana a mente. Essa limpeza interior nos ajuda a não acumular dores na alma, a não adoecer nosso estado de espírito. É momento oportuno para lamentar com saúde.
Boa semana!