Por Milene Costa

Os processos múltiplos do perdão

 

Perdoar talvez seja o maior desafio para o processo de desapego. É deixar o ego que se expressa através das lembranças e recordações. É desapegar e, ao mesmo tempo, soltar o que não existe mais, o que ficou no passado, para viver o agora. Mas, será que perdoar significa apagar, ignorar, voltar ao que era antes como se nada tivesse acontecido? Neste mês vamos refletir um pouco sobre esse mar da mente e do coração. E também teremos um minicurso para nos auxiliar nos processos múltiplos do perdão.

Nosso ponto de partida será o exercício de deixar ir lembranças e recordações que alimentam o sofrimento. A dor física é inevitável, mas o sofrimento pode não ser cultivado. Muitas vezes, alimentar uma lembrança dolorosa é uma forma de cultivo do sofrimento. E, acreditem, muitos de nós tem um apego ao sofrimento, isto é, não se permitem serem felizes depois das marcas da vida ou das relações.

O segundo movimento será aprender a fazer o giro sobre as duas faces da mesma situação. Toda circunstância possui duas faces, ou outra forma de ser vista e sentida. Aprender a fazer o giro da percepção não é anular seu ponto de vista, mas acrescentar a ele outras possibilidades. 

O terceiro processo será aprender a agradecer todos os caminhos abertos ou fechados que nos movimentaram até aqui. Empurrando, forçando, tirando nossa vida da zona de conforto, amadurecendo, equilibrando a inocência, e buscando perceber que todas as estradas foram essenciais para o nosso crescimento. Venha aprender a abrir a prisão da lembrança, a fazer o giro necessário e reconhecer a generosidade da vida. É tempo de perdoar!