Por Milene Costa

Porque pensar em perdas e ganhos se, na realidade, não podemos reter nada e nem ninguém?

 

Nossa condição humana é de vulnerabilidade, de impermanência e de finitude. Viver com essa consciência nos ajuda a compreender o valor da vida e a viver o tempo que nos é gratuitamente dado. Viver na negação dessa única certeza que temos é criar um castelo de areia que está com o tempo contado para desabar diante de nós. A qualquer momento, mais cedo ou mais tarde, enfrentaremos a certeza da nossa condição. Então, o que devemos fazer para não mais negar nossa realidade?

 

Proponho três alternativas que podem nos auxiliar nesse processo de aprendizado sobre viver sem reter o que não pode ser capturado. O primeiro movimento é amar de forma desinteressada. A experiência do amor é um aprendizado de desapego. Quem ama realmente deixa ir em paz, pois soube vivenciar o amor em sua intensidade, presença e gratuidade. Amar é a conexão real do que é importante. O amor nos transforma na medida em que nos ensina que manipular, fazer barganha, usar o outro por carência são facetas do egoísmo. O desafio de amar é aprender a desapegar.

 

O segundo movimento é alegrar-se com as pequenas e singelas situações que a vida nos oferece por meio das pessoas, das coisas e dos tempos. Lamentar não modifica nada, mas aprender a sorrir – apesar de…-  é reconhecer que ao lado do que se foi, sempre existe algo que ficou como apoio e perspectiva para continuar. A conversão da tristeza em alegria só é possível se conseguirmos olhar em outras direções. Assim, nasce a alegria. Não dos prazeres contínuos e sim das delicadezas que estão escondidas do nosso lado.

 

O terceiro movimento é buscar fontes que alimentam o amor e a verdade. Muitas mentiras estão sendo contadas para nós diariamente. Não se alimente com as inverdades que cultivam a ilusão. Busque alimentar a mente, os sentidos e as atitudes com aquilo que cultiva a verdade, o amor em desapego, a alegria nas delicadezas e o aprendizado contínuo. Jesus, como mestre de sabedoria, apontou bem esse caminho: busque e encontrarás, bata na porta e ela se abrirá. Muitos buscam enganos e não encontram verdades. Busque o que de fato cultiva a qualidade de vida e afirma a realidade de condição, aquilo que conduz a vida de coragem e não a morte das ilusões. É tempo de acordar o olhar!