Por Milene Costa
A vida é um movimento de retalhos
Um pedaço, um ponto de vista, um fragmento, uma fração de um todo é o que compreendemos do viver. Quando pensamos em retalhos, logo visualizamos um pedaço de pano, um corte em algum tecido. Mas, como amo as metáforas para alcançar um pouco da infinitude da nossa alma, percebo que nossa vida é um movimento de retalhos.
Por mais que busquemos entender a vida como um todo, nós não conseguimos, pois a sensação que temos é que a existência é apresentada em pedaços, em partes e em processos. Esses fragmentos pessoais que carregamos constitui o valor que cada um de nós possui. A nossa história são partes de retalhos que, costuradas, formam a beleza que somos e que precisamos ver numa visão ampla.
Retalhos são histórias. Histórias são memórias que marcam partes de nossa vida. Os rasgos dentro de um contexto são interpretações e experiências que teceram o que sentimos e pensamos. É muito bom contar, narrar e falar sobre essas histórias. No processo da narrativa nos encontramos e, ao mesmo tempo, entendemos que cada um deu conta do que foi viável, possível nos tempos convidativos para viver.
Na costura da lembrança narrada, acontecem os encontros, a redenção, o perdão, a compaixão e o acolhimento. Nossas relações são vivificadas, as aproximações são refeitas e o elo do coração é costurado como retalhos que precisam complementar os espaços vazios. Meu desejo é que um dia possamos aprender a bordar os retalhos nos nossos corações e aproximar o que está distante de nós.
Boa semana!