O tempo como um sábio que sabe esperar
Tempo da alma, tempo da dor, tempo do calor, tempo do frio, tempo para esperar o tempo. Quando refletimos sobre a temporalidade, automaticamente nossa mente parte da cronologia que estabelece a medida do tempo. A vida seria mais simples se pudesse ser previsível. Mas, se tem uma certeza que o ser humano possui é que as previsões nos enganam.
O tempo do corpo pode ser percebido, mas não pode ser impedido. O ritmo do corpo pode ser alterado, mas não se torna ilimitado. O tempo da alma, onde se madura o que foi sentido e percebido, não têm período de controle ou de reparo. É preciso conhecer a atmosfera dos movimentos interiores e dos acontecimentos da alma, para que o ser seja tratado, compreendido e apreendido.
É muito comum que não haja respeito ao tempo da alma, pois, para muitos, a vida não para. A dor precisa de tempo para sofrer e ser retirada de nós. A tristeza precisa cumprir sua jornada para se despedir do nosso coração. A alma precisa verificar o que se perdeu para poder administrar o vazio que ficou. O recolhimento que a alma pede, mediante alguns acontecimentos, é necessário e fundamental para a reconstrução da vida.
Anestesiar a dor, fugir da dificuldade ou mesmo negar a tristeza é uma forma de esconder o tempo que a alma precisa para se refazer mediante os acontecimentos imprevisíveis da existência. Quanto mais respeitamos esse tempo de restauração, mais ele é capaz de refazer a vida e proporcionar a plenitude do ser, em busca de se tornar inteiro diante de cada passagem do tempo.
Boa semana!